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Copom confirma projeções e Selic vai a 8,5%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central subiu a taxa básica de juros em meio ponto percentual, para 8,5% ao ano, confirmando as expectativas da maior parte dos analistas econômicos privados e as apostas médias do mercado financeiro embutidas na curva de juros futuros.

O comunicado apresentado pelo comitê trouxe o mesmo texto divulgado em maio: “Dando prosseguimento ao ajuste da taxa básica de juros, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa Selic para 8,5% ao ano, sem viés. O Comitê avalia que essa decisão contribuirá para colocar a inflação em declínio e assegurar que essa tendência persista no próximo ano”.

Com a Selic a 8,5%, o rendimento da caderneta de poupança passa a ser de 0,4828% ao mês, mais Taxa Referencial (TR). Com isso, o rendimento anual da caderneta vai a 5,95% mais TR e o tradicional investimento passa a render mais do que a inflação projetada para o período – o IPCA esperado para os próximos 12 meses está em 5,67%.

Esse foi o terceiro ajuste da Selic desde que o Copom retomou o ciclo de aperto monetário em abril, quando o juro básico se encontrava na mínima histórica de 7,25%, para combater uma inflação que o colegiado descreve como alta, disseminada e resistente. A taxa atual é a maior desde maio de 2012.

A melhora recente da inflação, tanto nas coletas diárias, quanto nos dados correntes, aliada a indicadores ruins de atividade, já promoveu um balanceamento das apostas do mercado financeiro de alta para o resto do ano. A curva futura, que chegou a mostrar pelo menos mais três elevações da Selic até o começo de 2014, sugere agora mais duas altas de meio ponto percentual. “Com inflação melhor e atividade ruim, não dá mais para pensar em Selic em 10,5%”, diz um gestor. Para esse especialista, o BC deve ser cada vez mais cauteloso quanto ao orçamento de alta da Selic sob o risco de exagerar e comprometer ainda o quadro de crescimento para 2014, que já se mostra pouco animador.

O objetivo declarado do BC para este ano é entregar um Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) menor que os 5,84% de 2012. Para o ano que vem, o objetivo é uma inflação menor do que a de 2013. O Copom ainda não indicou quando pretende cumprir o centro da meta, definida em 4,5%.

Em junho, o IPCA mostrou variação mensal de 0,26%, abaixo das previsões tanto do mercado quanto do BC. No acumulado em 12 meses, foi a 6,7%, estourando o teto da meta oficial, que é de 6,5%.

A reprise do comunicado do Copom, da decisão unânime e da manutenção do ritmo de alta da taxa Selic não surpreendeu Solange Srour, economista-chefe do BNY Mellon ARX Investimentos, para quem “não tinha sentido o Copom mudar nada neste momento”.

A economista entende que com atividade em queda e inflação ainda resistente e alta, em meio a manifestações populares com forte apelo social, não faria sentido o Copom sinalizar aceleração ou desaceleração do ritmo de ajuste da taxa básica ou delimitar o ciclo monetário.

“A atividade deve estar sendo muito considerada pelo Banco Central. Precisamos ver o tom da ata na semana que vem. Momentaneamente, a inflação está cedendo, com alimentos recuando. Mas não vejo a situação tranquila no fim do ano”, diz Solange, particularmente atenta ao comportamento da taxa de câmbio.

Sérgio Goldenstein, sócio-fundador e gestor da Arsa Investimentos e ex-chefe do departamento de operações de mercado aberto (Demab) do BC, vê a autoridade monetária muito dependente da evolução dos dados de atividade e da inflação corrente. “Tudo seria mais fácil se o governo ajudasse o BC, adotando medidas fiscais críveis”, diz.

Juan Jensen, sócio da Tendências Consultoria, espera que o BC faça mais um aumento de 0,5 ponto percentual na próxima reunião e mantenha a taxa em 9% para o restante de 2013 e 2014, em virtude da revisão das expectativas de crescimento da economia. “Na ata desta reunião, o BC vai manter o tom duro com a inflação, com a questão fiscal e o crescimento do crédito via bancos públicos”, afirma.

Já a piora da atividade econômica, seguida por uma “profunda” revisão nas expectativas de crescimento de 2013 e 2014, deve impedir que o Banco Central prossiga com o ciclo de aperto monetário na reunião de outubro, diz Jensen.

O Banco Central não quis deixar espaço para volatilidade no mercado e garantiu a continuidade do ciclo de aperto monetário para sua próxima reunião, afirma Luis Otavio de Souza Leal, economista-chefe do banco ABC Brasil. “Teremos mais um aumento com certeza, não necessariamente de 0,5 ponto”, diz. “É a indicação de que essa é a ‘velocidade de cruzeiro’ do BC”, afirma Leal. “Se mudasse a fórmula, o BC geraria ruído no mercado.”

O ABC Brasil espera outro aumento de 0,5 ponto na próxima reunião, porém Leal pondera que os próximos dados de atividade e o desenvolvimento do cenário externo podem mexer na intensidade do próximo aumento. “Há muita indefinição no cenário externo ainda”, disse.

 (Valor, 11/07/13)

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