Moeda norte-americana recuou 0,86%, a R$ 2,3480.
Divisa ‘virou’ após abrir o dia em alta, com preocupação com a Síria.
O dólar fechou em queda sobre o real nesta quarta-feira (28), com investidores embolsando lucros, após a moeda dos Estados Unidos abrir a sessão em alta devido a preocupações com as ameaças de um ataque militar na Síria.
“A princípio, essa zeragem pode ser um movimento de realização de lucros”, afirmou mais cedo o economista chefe da INVX Global, Eduardo Velho, à Reuters. Para ele, o dólar deve se manter abaixo do patamar de R$ 2,40.
O Banco Central continuou com sua estratégia de intervenções diárias no mercado de câmbio. Nesta manhã, foram vendidos todos os 10 mil contratos de swap cambial tradicional – equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro – com vencimento em 2 de dezembro de 2013. O volume financeiro equivalente da operação foi de R$ 498,2 milhões.
No início da tarde, a autoridade monetária anunciou mais uma atuação para quinta-feira. O BC ofertará 10 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 2 de dezembro de 2013 entre as 9h30 e as 9h40. O resultado será conhecido a partir das 9h50.
Segundo o BC, o programa, que foi anunciado na semana passada com o potencial de US$ 60 bilhões, tem o objetivo de “prover hedge (proteção) cambial aos agentes econômicos e liquidez ao mercado”, por meio de swaps cambiais tradicionais e leilões de linha até, pelo menos, 31 de dezembro.
“O BC está administrando a volatilidade para evitar a alta o dólar e tentar controlar o mecanismo de transmissão do câmbio para a inflação. Essa vai ser a túnica até o final do ano”, acrescentou Velho, da INVX Global.
O resultado do fluxo cambial mostrou estar havendo saída de recursos no acumulado do mês, puxado pela conta comercial. Na semana passada, houve saída de US$ 2,470 bilhões, dos quais US$ 1,585 bilhão da conta comercial e US$ 884 milhões da conta financeira.
Viés de alta
Mais cedo, a moeda chegou a subir quase 1%, atingindo R$ 2,3915 na máxima por tensões com a Síria. Enviados dos Estados Unidos e seus aliados disseram aos rebeldes que combatem o presidente Banhar al-Assad que as potências ocidentais podem atacar a Síria em poucos dias, de acordo com fontes que participaram de um encontro com um grupo rebelde sírio em Istambul.
Na terça-feira, o secretário de Defesa dos Estados Unidos, Chucha Hagel, afirmou que o exército norte-americano está pronto para agir imediatamente caso o presidente Barca Obram ordene uma acção contra a Síria em resposta a um ataque com armas químicas.
“Acontece uma aversão ao risco devido a iminência de um ataque à Síria”, afirmou o economista chefe da Sul América Investimentos, Neto Rosa.
A possibilidade de intervenção militar na Síria e as incertezas sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos, por sua vez, também corroboravam o viés de alta da moeda dos Estados Unidos, com investidores alimentando expectativas de que o Federal Reserve, banco central norte-americano, possa começar a reduzir em breve seu programa de estímulos, no valor mensal de US$ 85 bilhões, diminuindo, assim, a liquidez nos mercados globais.
“O pessoal está na expectativa de quando serão retirados os estímulos norte-americanos, e enquanto essa novela continuar, (o dólar) no curto prazo vai ficar um pouco pressionado”, afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.
Além disso, na sexta-feira, ocorre a formação da PTax do mês de agosto, utilizada como taxa de referência para diversos contratos, o que também pode ajudar a impulsionar a valorização do dólar ante o real durante a semana.
(G1 – 28/08/2013)