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Indústria fraca derruba previsões sobre PIB

Após decepção com o setor, economistas rebaixam estimativas de crescimento da economia em 2013 e em 2014. Produção cresceu apenas 1,2% no ano passado e analistas dizem que problemas estruturais persistem. A produção da indústria voltou a decepcionar no fim do ano passado e levou economistas a rebaixar suas estimativas para o crescimento da economia brasileira não apenas em 2013 mas também neste ano. Com uma forte queda em dezembro (3,5% ante novembro), a indústria fechou o ano com um aumento de 1,2% da produção em relação a 2012. O número positivo não revela, porém, um retrato mais positivo do setor, de acordo com analistas. O nível de produção da indústria chegou a dezembro 7% abaixo do pico de maio de 2011, quando o setor se recuperava da crise de 2008/2009. Sob efeito de férias coletivas e paralisações nas linhas de produção, o setor teve a maior queda mensal desde dezembro de 2008 (-12,2%). “Desde 2011, o retrato é praticamente de uma estagnação”, disse o economista Flávio Serrano, do banco de investimento Espírito Santo. A produção, naquele ano, aumentou 0,4%, caiu 2,5% em 2012 e, no ano passado, voltou a crescer, mas em menor intensidade (1,2%). “Não foi negativo, mas foi decepcionante. Não deu para recuperar o terreno perdido”, disse Luis Otávio Leal, do banco ABC Brasil. O analista observa que, no início do ano, a previsão de economistas era de uma alta de 3% na produção. “Havia a expectativa de uma recuperação natural, com a ajuda dos caminhões. Mas nem assim foi suficiente.” O governo tentou impulsionar o setor, prorrogou a redução do IPI de veículos e eletrodomésticos, ofereceu juros muito baixos para a compra de máquinas e equipamentos e zerou o imposto sobre a folha de pagamentos de mais de 50 atividades. Isso afetou a arrecadação do governo, mas teve pouco impacto no desempenho geral da indústria. “Os incentivos mostraram pouca eficácia ante os problemas estruturais do setor”, disse Silvia Matos, da FGV. A indústria tem sofrido com a competição de importados, tanto no mercado interno quanto no exterior. Custos mais altos para a produção local, como energia e mão de obra mais caras, são queixas recorrentes de empresários. Para André Perfeito, da Gradual Investimentos, a recente desvalorização do real ante o dólar produziu efeitos. “Por mais que não se acredite que o câmbio por si só pode colocar no lugar deficiências domésticas, é bom observar que o salário em dólares do brasileiro caiu entre 2010 e 2013 algo como 19%”, escreveu em relatório. “Algum alívio poderá ser sentido nos próximos meses.” Outro alento pode ser a recuperação dos EUA, com seu potencial consumo de produtos manufaturados do Brasil. A dificuldade, entretanto, é saber como a Argentina reagirá à crise. O vizinho é o terceiro maior importador brasileiro e compra mais de 90% de produtos industriais. Prevendo dificuldades e um ritmo lento da atividade na virada de 2013 para 2014, Silvia Matos diz que deve rever a projeção de crescimento do PIB neste ano de cerca de 1,8% para 1,5%. “O crescimento do ano passado também foi mais fraco e está mais perto de 2%.” Outras consultorias e bancos também informaram que estão refazendo contas e devem rebaixar suas estimativas. Isso porque o resultado de dezembro veio bem abaixo do esperado. A Rosemberg & Associados reviu a projeção de crescimento neste ano de 2,5% para 2,1% e afirma que a estimativa de 2013 também foi cortada. O Itaú informou que “o risco de baixa para o crescimento do primeiro trimestre [de 2014] se elevou”.

“Não foi negativo, mas foi decepcionante. Não deu para recuperar o terreno perdido”
Luis Otávio Leal
Economista-chefe do banco ABC Brasil

“Algum alívio poderá ser sentido nos próximos meses”
André Perfeito
Economista-chefe da Gradual Investimentos

(Folha de S.Paulo, 05/02/2014)

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