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Juros futuros disparam na BM&F com maior chance de reeleição de Dilma

Os juros futuros subiram forte nesta segunda-feira na BM&F com investidores realinhando os prêmios de risco à crescente possibilidade de que a presidente Dilma Rousseff (PT) seja reeleita e redobre a aposta na atual política econômica. O gatilho para a disparada das taxas foi o pacote formado pelo resultado de pesquisa Datafolha divulgada na sexta-feira e pela afirmação do diretor do instituto, Mauro Paulino, de que Dilma poderia vencer a corrida ao Palácio do Planalto já no primeiro turno. A taxa do contrato futuro para janeiro de 2021 — que capta as apostas sobre o rumo da política econômica após a eleição — disparou, passando de 11,77% para 12,35%. No início de setembro, auge do entusiasmo com Marina Silva (PSB) sua trupe de economistas liberais, o derivativo girava na casa de 10,80%. Não só as taxas dos juros longos haviam derretido com o “efeito Marina” como trabalhavam abaixo do nível dos contratos mais curtos. A diferença entre as taxas do DI janeiro/2021 e janeiro/2017 chegou a ser de -0,30 ponto percentual. Era a crença de que após um ajuste doloroso em 2015 — superávit fiscal maior e crível, busca pelo centro da meta de inflação (4,5%) e fim do represamento dos preços administrados — seria possível conviver com um juro real menor no médio prazo. Esse cenário, que começou a ser abalado nas últimas semanas à medida que se esfarelava o favoritismo de Marina, ruiu de vez hoje. A taxa do DI para janeiro de 2017 subiu de 11,88% para 12,35% — ou seja, um ponto percentual acima do DI janeiro/2021. No jargão do mercado, isso significa que a curva a termo voltou a mostrar inclinação positiva. Segundo operadores, houve uma onda de zeragem de posições, com formação do tradicional “efeito bola de neve”.
“Não há mais parâmetro para os juros. Não dá para saber qual o preço justo hoje. O tripé [macroeconômico] já acabou. E com Dilma vamos ter mais quatro anos sem tripé”, afirma uma fonte do mercado. A onda eleitoral deixou em segundo plano a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação, tido, segundo operadores e estrategistas, como um documento já envelhecido. Além da meta da Selic em 11%, o cenário de referência do BC traz dólar a R$ 2,25, algo pouco crível quando se vê a dinâmica atual. Ademais, o texto apenas reforçou a expectativa de que o Banco Central considera suficiente o aperto monetário já realizado e vê a convergência, ainda que lenta, da inflação para a meta: o IPCA fecha o ano com alta de 6,3%, desacelera para 5,8% em 2015 e para 5% no terceiro trimestre de 2016. Chamaram a atenção, contudo, as declarações do diretor de Política Econômica do BC, Carlos Hamilton de Araújo, durante apresentação do RTI em Brasília. O Copom trabalha com duas hipóteses: manutenção ou alta da Selic. Se necessário, o BC não vai se furtar a agir “intempestivamente” para enquadrar a inflação. “As declarações de Hamilton ajudaram a pressionar um pouco mais os juros ao longo da tarde”, afirma um gestor de renda fixa. A taxa do DI para janeiro/2016 — que espelha as apostas para o rumo da Selic no ano que vem — avançou de 11,68% para 12%. A necessidade de reajuste dos preços administrados e os riscos de uma depreciação do real ameaçam a já frágil ancoragem das expectativas de inflação, o que põe um aperto monetário adicional em 2015 no radar, a despeito da fraqueza da atividade econômica.
(Valor – 29/09/2014)

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